ESTOU CUIDANDO BEM DE MIM

Enquanto estava estudando os escritos de Elisabeth Lukas sobre a temática de prevenção psicológica sob a perspectiva de uma psico-higiene para prevenção de crises, deparei-me com um trecho do texto que discutia os sintomas das “neuroses coletivas” e apresentava uma descrição da atitude provisória perante a existência vivenciada por muitas pessoas em nossa época.

O “Viver do provisório”, de acordo com a autora, significa viver sonhando acordado, sem se incomodar com nada, sem planejar, sem nada preparar com antecedência. Neste modo de viver as necessidades momentâneas são satisfeitas sem que se pense no que irá acontecer depois.

Em geral, as pessoas, que vivem deste modo, alegam um argumento qualquer para mostrar que “de uma forma ou de outra, as coisas vão acontecer mesmo”, “a próxima guerra vem de qualquer jeito” ou “de qualquer jeito o mundo vai se acabar”, “por isso, enquanto é tempo, vou gozar a minha vida, fazendo o mínimo de esforço possível”, considerando supérfluo e desnecessário ocupar-se com as consequências que possam advir mais tarde para ela própria e para o próximo.

Entre tantas colocações inspiradoras que a autora relatada, uma chamou-me à atenção, por estar tão conectada com o meu pensar sobre a vida e a morte. Já declarei em meu livro “e Ele não curou” que penso que “nossa morte depende da nossa vida”. Muitas vezes temos temor sobre nossa morte, principalmente em relação a como este momento se dará. Será que irá doer? Irei sofrer dores físicas? Emocionais? Será que irei suportar aquele momento? Bem, a resposta é que não existe possibilidade de sabermos como isto se dará de fato, porém, podemos no hoje construir o que estará a disposição naquele futuro e inevitável momento. O trecho do texto de Elisabeth Lukas (1992) afirma o seguinte:

“[…] Quem toda a vida viveu sem pensar no futuro, no máximo reunindo algumas experiências superficiais de prazer, pode-se dizer que na sua morte não irá restar muita coisa, já que nada buscou e nada realizou, que tudo deixou ao acaso e nada pôde chamar de seu […].

Esta é uma realidade existencial, o morrer. Viver do provisório, em certos casos, poderá trazer consequências reais que serão cruéis. Que não cheguemos no momento de vida onde venhamos a ter apenas mais um argumento, como tantos outros que usamos durante toda a vida, o de que “de qualquer jeito, agora é tarde para começar uma vida que tenha sentido”, já que se encontra “de mãos vazias, sem amigos, sem família, sem profissão, sem dinheiro; sem que a guerra tenha acabado com as pessoas nem o mundo tenha deixado de existir (LUKAS, 1992)”, como argumentamos com tanta ênfase.

Você está CUIDANDO bem de si? Reveja sua lida, sua alma, sua rotina, suas prioridades, suas relações, suas “Flores”. Há muito potencial esperando tornar-se uma realidade hoje e a ser desfrutado no futuro.

Uma “boa morte” pode esperar todos que se dedicarem a se dar uma “boa vida”!

Vamos cuidar do nosso jardim. Deixo esta linda canção para inspirar nossos corações e almas a uma vida plena de sentido!

Música: Meu Jardim – Vander Lee – “Estou cuidando bem de mim”

Abraços fraternos

Andréia Chagas

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