“A tristeza é a privacidade que a alma e o coração necessita” – Lyan Farré

A solidão é uma condição interior do Homem, uma sensação de carência absoluta, de um objetivo ou um desejo que sempre se desloca, gerando na alma esta percepção da falta. Os religiosos afirmam que este sentimento de separação, de desvinculação com alguma coisa que não se pode definir, indica que o ser humano está apartado do Criador, sinônimo de Eu Superior, Self ou o Todo no âmbito da psicologia.

Sociologicamente pode-se dizer que a solidão é fruto da marginalização social, da exclusão do indivíduo da sociedade convencional, por inadaptação ou pela recusa em seguir determinados parâmetros fixados socialmente. De acordo com esta ciência, quem não consegue conviver com as pessoas é, de certa forma, expulso do meio, e assim se sente sozinho.

Atualmente, com a conquista de uma liberdade financeira cada vez maior, muitas pessoas, independente de sexo ou faixa etária, vivem sós, mas não se sentem necessariamente sozinhas, pois elas revelam estar bem assim, pois optaram por esta condição existencial, o que não significa que elas foram excluídas ou se auto-exilaram da vida social, mas apenas que escolheram manifestar sua independência desta forma. Mesmo porque alguém pode estar no meio de uma multidão e assim mesmo se sentir sozinho.

Para o filósofo alemão Martin Heidegger, a solidão é o estado inato do Homem, cada ser está por si só no mundo. Assim, cada indivíduo nasce sozinho, morre na mesma condição e vive suas experiências pessoais também desta forma, por mais que esteja sempre cercado de outras pessoas, pois ninguém pode vivenciar seu aprendizado, cabe a cada um enfrentar sua própria travessia.

Cada ser enfrenta sua solidão de forma diferente, o que explica porque os distúrbios psíquicos afetam alguns, e não outros. Algumas pessoas aceitam sua condição e nela percebem a possibilidade de serem independentes, são assim verdadeiras; outras se sentem desamparadas, culpam a Deus e a todos por se sentirem sós, ficam paralisadas e buscam no outro a proteção que deveriam buscar em si mesmas, sacrificando sua personalidade.

A solidão pode provocar sentimentos negativos, como a angústia, esta emoção perturbadora que nasce da consciência da morte, não só da finitude orgânica, mas do fim de cada potencialidade da vida, de cada anseio, de cada propósito. Toda ruptura, toda separação, leva à sensação de perda e, consequentemente, à solidão.

O sentimento da solidão também nasce da incapacidade das pessoas de se voltarem para si mesmas, de mergulharem no processo de autoconhecimento. Desta forma elas se distanciam de si mesmas e passam a procurar no outro o que deveriam buscar em seu íntimo.

O Homem deve aprender a ser só, a aceitar este estado natural, preparando-se assim para viver plenamente e concretizar suas metas. Pretender que não se está sozinho e não se alimenta a angústia na alma e tentar amenizar estas sensações vivendo a vida do outro, não soluciona em ninguém o problema da solidão.

Fonte: Galdovina Paulino (http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2015/09/12/solidao/) 

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