Ingrid Bergman, minha admirada atriz, desde que me conheço por gente, lembro dela cada vez que alguém me pergunta: “como sei qual o caminho na vida?” Minha resposta é: hás de “senti-lo intensamente”, esse é o tema. Ingrid foi órfã de mãe com apenas 2 anos e de pai com 12. Não teve lembranças de sua mãe e adorava a seu pai que foi um ser com profunda sensibilidade para a arte, música e ópera, e além disso não importou-se com sua escolarização ou de sua filha.
Ingrid, filha única, teve toda a liberdade para as brincadeiras de infância, disfarces, inventar histórias, cantar, representar personagens em seu teatro caseiro. Um dia seu pai a surpreendeu com um primeiro convite para ir ao teatro – inesquecível – o qual Ingrid, com 11 anos, recordou assim: “…todas aquelas pessoas mais velhas em cima de um palco fazendo as coisas que eu fazia sozinha em casa, só por diversão e lhes pagavam por isso! Virei-me para o meu pai na primeira oportunidade, e provavelmente me ouviram em todo o teatro por estar muito entusiasmada, e lhe disse, ‘papai, papai, é isso que vou ser!’.”
Na maioria das vezes, se quisermos saber se nossa vida tem um sentido, perguntemos a nós mesmos se houve algo que, de fato, nos apaixonou enquanto crianças. Esse foi o começo do nosso caminho – que às vezes extraviamos, ou se enche de pó, nos distraímos, mas que em outros casos permanece com a clareza de um cristal reluzente. Isso quero ser! O fazer e o ter vêm logo a seguir.
Guillermo Pareja Herrera – Psicoterapeuta, escritor
Tradução: Lucas Lacerda
Fonte: http://lascartasdeldesierto.blogspot.com.br/2017/07/eso-quiero-ser.html?spref=fb&m=1